A proibição de aplicativos de VoIP pelo governo da China está levando a Apple a entrar em contato com desenvolvedores que usam o CallKit para que cessem o uso desse recurso, de forma a não terem seus apps bloqueados. A tecnologia do iOS que permite a realização de chamadas a partir da rede móvel, em vez da celular, está por trás do lançamento desse tipo de recurso, principalmente em mensageiros instantâneos.

No contato com os desenvolvedores, a Apple afirma estar atendendo a solicitações do Ministério da Indústria, Tecnologia e Informação chinês, que estaria vendo no CallKit uma forma de burlar as normas do país sobre VoIP. As leis impedem o uso dessa tecnologia para realização de chamadas pois, da mesma forma que aconteceu recentemente com VPNs, elas são criptografadas de forma a impedir o rastreamento e controle.

No comunicado, a Maçã pede que os responsáveis pelos apps que utilizem a tecnologia a removam e se submetam novamente para avaliação. Todas as soluções desse tipo foram retiradas do ar e somente retornarão após esse processo, que serve para garantir que o CallKit não está mais sendo utilizado.

O pedido é abrangente, atingindo não apenas os apps que efetivamente possuem funcionalidades de ligações, mas também aqueles que usam o CallKit para outros recursos, como pausar a música no recebimento de uma chamada ou enviar alertas sobre uso de dados durante a utilização. Basicamente, a empresa está jogando seguro e evitando problemas em um mercado que, hoje, é um dos que recebe mais atenção.

A remoção, entretanto, não é de hoje. No final de 2017, quando entraram em vigor algumas das normas agora aplicadas pelo governo da China, o Skype deixou de ser disponibilizado na App Store do país justamente por conta do bloqueio a serviços de voz sobre IP que agora recai sobre todos os recursos relacionados ao CallKit.

A Apple não se pronunciou publicamente sobre as novas medidas, mas, no passado, Tim Cook, CEO da empresa, já falou sobre isso. Comentando a remoção de VPNs de sua loja online, o executivo afirmou que a companhia prefere não ter que fazer isso, mas, ao mesmo tempo, precisa seguir as leis dos países em que atua, mantendo, também, conversas com governos quando não concordam com as normas impostas em busca de um meio termo.